“Salto alto” na gestão
É preciso coragem e otimismo para desbravar novos caminhos. Foi pensando assim que construí minha carreira. E por agir desse modo, ocupei posições que poucas mulheres haviam ocupado, o que hoje abre espaço e inspira muitas outras a seguirem trajetórias similares.
Se hoje sou presidente de uma das cooperativas do Sicredi, se cheguei onde cheguei, foi pelas entregas que realizei, por ter contagiado pessoas, por ter focado em resultados, por ter me superado e enfrentado adversidades. Não há mistério. Somos capazes e precisamos tomar consciência disso.
Meu histórico profissional teve início em 1969, num escritório de contabilidade. Mas foi em 1978, depois de ter tido outras experiências, que me deparei com o cooperativismo. Para mim, esse foi um “encontro” definitivo. Minha paixão e dedicação foram tamanhas que na década de 80 fui a primeira mulher a assumir uma gerência na Cooperativa Agroindustrial Copacol.
Lá permaneci até ingressar no Sicredi e em 2004 fui eleita presidente da Cooperativa Sicredi Nossa Terra PR/SP. Em 2010, me tornei a primeira mulher a ocupar uma vaga no conselho de administração da Central PR/SP/RJ.
Possivelmente minha história ainda seja considerada fora da curva, não somente no universo do cooperativismo, mas em se tratando de protagonismo feminino no mercado de trabalho. Tendo a crer que isso vá mudar nos próximos anos e que teremos mais lideranças de “salto alto”. Me sinto realizada ao saber que sou inspiração para colegas e colaboradoras do Sicredi.
Acredito que hoje existem muito mais oportunidades para mulheres no mercado de trabalho que se tinha no passado. O que falta é autoconfiança para ocupá-las. Para se candidatar a uma vaga, em geral, as mulheres só o fazem se entendem preencher 100% dos requisitos. Talvez um pouco de ousadia faça uma grande diferença. Outro ponto importante: críticas e preconceitos virão. E quando se trata de posições de liderança, maiores serão os desafios. Nossa sociedade ainda não está madura o suficiente para tratar homens e mulheres em pé de igualdade, infelizmente. Já evoluímos muito nas últimas décadas, mas temos um longo caminho a percorrer.
No Sicredi vejo um espaço para diálogo sobre esse tema. Hoje, em nossa cooperativa, por exemplo, 50% dos cargos de coordenadores de núcleos são ocupados por mulheres. Elas também representam 30% do conselho de administração e 50% do conselho fiscal. Seja como associadas ou em qualquer outra posição de liderança, a presença feminina não só é importante como é necessária para a evolução do cooperativismo.
Em relação ao futuro, sou otimista. Meu conselho às mulheres é equilíbrio entre vida pessoal, familiar e profissional.