2º Agro Experience do Sicredi promoveu diálogo sobre perspectivas do setor agrícola
Evento realizado na última quinta-feira, 25, trouxe palestras de profissionais renomados na área agrícola e econômica na ACIC
Com o tema “Oportunidades de Melhorias nos Sistemas de Produção”, a 2ª edição do Agro Experience do Sicredi Centro Serra trouxe até Candelária profissionais de referência em temas voltados à economia agrícola no Brasil. Durante a última quinta-feira, dia 25, cerca de 250 pessoas estiveram reunidas no auditório da Associação do Comércio e Indústria de Candelária (ACIC), para acompanharem as cinco palestras programadas para o dia. Por voltas das 08 horas, o evento iniciou com uma fala do presidente da Sicredi Centro Serra, Egídio Morsch, que destacou a importância de se fazer o básico de forma eficiente. Ainda, em sua apresentação Morsch destacou as novas tendências que se apresentam no mercado agrícola.
Após a abertura, a manhã de apresentações iniciou-se com o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, que fez uma análise do atual cenário da soja e arroz no Brasil e projetou o que os agricultores podem esperar para a próxima safra. Segundo o especialista, é necessário olhar com atenção todas as variáveis que impactam no preço das commodities, além de se investir mais em estruturas para acompanhar produções maiores. “É importante que se tenha uma estrutura de armazenamento e logística preparada para todos os cenários. Além disso, entender como ocorre a variação dos preços é fundamental para que o agricultor possa ter maior lucratividade”, destacou.
Na sequência, o engenheiro-agrônomo, e gestor da área de transferência de tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Trigo (Embrapa Trigo), Dr. Giovani Stefani Faé, falou sobre a possibilidade de obter renda durante o período de inverno, através da integração da lavoura pecuária e cereais de inverno. De acordo com Faé, investir em culturas no período mais frio do ano tem se mostrado uma oportunidade real de agregar renda na propriedade, seja através do trigo, pastejo, cevada, triticale (centeio cruzado com trigo), entre outras. “A pessoa que não consegue ganhar dinheiro com culturas de inverno não está conseguindo equalizar genética com manejo, pois não existe cultivar ruim, ela apenas precisa ser bem-posicionada”, ressaltou o engenheiro.
Finalizando a manhã de palestras, o engenheiro-agrônomo, Dr. Sergio Mazaro, realizou sua apresentação com o tema "Biológicos: da inoculação à indução de resistência”, que enfatizou o crescimento de alternativas biológicas e menos agressivas ao meio ambiente para o controle de pragas e doenças nas lavouras, ao contrário dos fertilizantes, fungicidas, inseticidas, inoculantes. Segundo Mazaro, a expectativa é de que em até 15 anos o agricultor use apenas 15% de produtos químicos no campo. Uma grande evolução, tendo em vista que atualmente, cerca de 85% dos produtos usados no campo não são naturais ou biológicos. Assim, o uso dos biológicos nas lavouras será cada vez mais frequente, tendo em vista o investimento de grandes empresas no aperfeiçoamento dos biológicos. “A tecnologia tem feito com que a sustentabilidade ande em parceria com os produtos usados no campo. Temos grandes multinacionais entrando no mercado de produtos biológicos. Quem não usou biológicos, com certeza em alguns anos utilizará", frisou Mazaro.
Cobertura das plantas e plantabilidade foram temas na parte da tarde
A tarde de apresentações começou com a engenheira agrônoma e doutora em Ciências do Solo, Marta Drescher, que atualmente é professora adjunta na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) na unidade de Santa Cruz do Sul. Em sua fala, destacou a utilização das plantas de cobertura nas lavouras e a sua importância na recuperação e aperfeiçoamento do sistema de produção. Conforme Marta, a quantidade, qualidade e frequência do aporte de fitomassa (parte aérea e raízes) é fundamental para a “construção” de um solo de qualidade, pois os organismos precisam de condições (matéria orgânica) para sobreviver no solo e assim fazer o seu trabalho. “O sistema de produção precisa fornecer material orgânico, isso se consegue com manejo, com introdução de plantas. No sistema plantio direto o material orgânico e os organismos são agentes promotores da fertilidade do solo”, ressaltou a profissional, que complementou. “Potencializar a qualidade do sol é uma tarefa que requer planejamento no manejo do solo. Os resultados não são rápidos, o que exige do produtor muitas vezes paciência e perseverança. Para potencializar o rendimento das culturas é necessário potencializar a qualidade do solo com a introdução de culturas que coloquem fitomassa em quantidade, qualidade e frequência”, finalizou.
Fechando em grande estilo a 2ª edição do Agro Experience, o agrônomo formado pela Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu com Mestrado e Doutorado em Máquinas Agrícolas, com ênfase em Plantabilidade de Grandes Culturas (soja, milho, algodão), Dr. Paulo Arbex, destacou os segredos das altas produtividades, salientando que o momento do plantio é um dos fatores que podem definir o sucesso de uma lavoura, pois estão envolvidos os maiores custos e as maiores tecnologias. Por isso, a importância de não haver falhas nesta fase. “Se errarmos na distribuição de sementes, teremos um estande com plantas falhas e duplas. Isso pode acarretar uma perda significativa de produtividade. Os motivos da perda na produtividade são variados, mas um deles se dá pelo uso inadequado de semeadoras que, em muitos casos, não apresentam a regulagem correta, devido à falta de conhecimento do produtor que a adquiriu. Consequentemente, é gerado um gasto desnecessário com sementes, adubos e insumos em geral, ocasionando posteriormente frustração na hora da colheita”, alertou o pesquisador.
Experiência muito positiva para quem acompanhou
Segundo o presidente do Sicredi Centro Serra, Egídio Morsch, oportunizar aos associados ouvirem especialistas do agro, em diversos campos afeitos, mercado, manejos, solos, oportunidades no inverno, entre outros, contribui para o planejamento e tomada de decisão daquilo que vai ser executado na propriedade. “Cada produtor (a), a partir das informações obtidas dos especialistas, tem condições de avaliar as melhores oportunidades para a cultura que pretende implantar no próximo ciclo produtivo e, assim, obter os melhores resultados”, celebrou Morsch.
No que se refere ao evento, a avaliação é muita positiva, tendo na presença do público e a relevância dos temas apresentados. “O 2º Agro Experience foi elogiado pelos presentes bem como pelos palestrantes, o que nos mostra que estamos no caminho certo, sendo relevantes para a comunidade”, concluiu.