Gisele Rodrigues*

Dificilmente haverá momento tão oportuno para reflexão sobre a importância da tecnologia na nossa vida financeira como o período imposto pela crise do novo coronavírus. As medidas que fazem parte do distanciamento social deixaram ainda mais evidente a transformação que estamos vivendo, especialmente no segmento de sistemas de pagamento. Fomos do velho talão de cheques ao QR Code em menos de uma década e a tendência é que, em um futuro próximo, o dinheiro físico seja definitivamente substituído pelos meios eletrônicos de pagamento.

No Brasil, os cheques, muito comuns nos anos 2000, foram aos poucos dando lugar aos cartões de crédito e débito nas carteiras e nos hábitos de consumos das famílias. Junto a isso, o desenvolvimento da telefonia móvel contribuiu muito para a modernização das máquinas de cartão e criou dispositivos que se conectam com smartphones e são capazes de capturar transações em quase todos os lugares, reduzindo, com isso, a necessidade de usar moeda em espécie. E agora, a transformação digital das instituições financeiras está ainda mais visível e nos apresentando um universo ainda maior de possibilidades, onde o ato de pagar torna-se quase que invisível e tem um único objetivo: a praticidade no dia a dia.

Os principais motivadores destas mudanças são a flexibilidade para os consumidores, a eficiência na operação e, principalmente, a segurança na transação de dados e valores. Essas são questões que inclusive motivam as cooperativas de crédito e os bancos a colocarem tecnologias como inteligência artificial, big data e analytics no topo dos investimentos. A última pesquisa da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) mostrou que as 20 maiores instituições financeiras do país investiram, em 2018, quase R$ 20 bilhões em ferramentas digitais como estas para melhorar o relacionamento com seus clientes e estar presente em suas rotinas através do fornecimento de soluções que possibilitem transações via aplicativos, pagamentos por link, redes sociais, QR Code, carteiras digitais e muitas outras que ainda virão.

O Sicredi, é uma instituição financeira cooperativa que que busca estar sempre atenta à inovação digital, tem se beneficiado da tecnologia para fortalecer negócios locais administrados pelos associados e também para acelerar a digitalização do cooperativismo de crédito no Brasil. O próximo passo, que já está em pleno andamento, é se integrar ao sistema de pagamentos instantâneos anunciado recentemente pelo Banco Central e previsto para ser lançado no fim deste ano. Chamado de PIX, o sistema vai permitir pagamentos imediatos entre instituições através de QR Codes. O objetivo, segundo o BC, é criar um ecossistema de pagamentos instantâneos eficiente, competitivo, seguro e inclusivo.

O Sicredi tem participado de fóruns do BC e de grupos técnicos para testes de ferramentas e, recentemente, no mês de maio, com o objetivo de fomentar ainda mais o comércio local entre seus associados durante o período de pandemia, disponibilizou a experiência de transferência por QR Code, sem qualquer tarifa para pagador ou recebedor.

Outras soluções já disponíveis e que se tornaram especialmente convenientes agora são os cartões com tecnologia contactless, que permitem pagamento por aproximação sem senha e com segurança, ou seja, basta o associado aproximar o cartão da máquina para pagar uma conta. Para os estabelecimentos credenciados à nossa rede, intensificamos durante a disponibilização da solução de captura de pagamentos por meio de um link, que pode ser enviado por uma rede social ou SMS. As parcerias também são parte importante dessa evolução. Desde o ano passado, contamos com apoio do Samsung Pay, um serviço de pagamentos móveis e carteira digital que permite aos associados efetuarem pagamentos nas funções débito e crédito sem a necessidade de utilizar cartão, bastando apenas autorização por senha (PIN) ou impressão digital.

Todas essas possibilidades apontam para um horizonte com ainda mais segurança e, paralelamente, criam um ambiente muito mais competitivo e vantajoso para os consumidores. Além disso, vale ressaltar a importância desse movimento para o meio ambiente, uma vez que o mundo virtual dispensa o uso de matérias-primas como o plástico para confecção dos cartões, o papel para fabricação das notas e o aço para a produção de moedas. A era digital nos apresenta alternativas que neste momento se mostram fundamentais e comprovam a importância estar atento às tendências e trabalhar no presente as inovações.

*Gisele Rodrigues é superintendente de Soluções de Meios de Pagamento do Sicredi

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