Entidades esclarecem sobre prorrogações de dívidas

O presidente da Sicredi Botucaraí RS/MG, Carlos Rogério Matuella, em entrevista ao programa do Sindicato Rural de Soledade, com o presidente da entidade José Pedro Turela, trouxe algumas informações aos produtores rurais com foco nas prorrogações de custeio e investimento, em meio às dificuldades enfrentadas pelo agronegócio no Rio Grande do Sul.

Turela quis saber sobre essas prorrogações que vieram, “se é que vieram efetivamente, o que foi coberto pelo Proagro, o que não foi, e como realmente está a situação do produtor ao final dessa safra”, indagou o presidente do Sindicato.

Matuella por sua vez disse que “é preciso falar com objetividade pois, não é o cenário que gostaríamos. O produtor não tem culpa dos problemas climáticos, da baixa produtividade, dos altos custos de produção e dos preços elevados de insumos que inviabilizam a atividade. O agro é responsável por manter o País em pé, e merece respeito. Por isso, estamos abertos a informar aos agricultores sobre este assunto”, reforçou.

Ainda, segundo Matuella, a Sicredi Botucaraí RS/MG tem feito o possível dentro da legalidade. “Cada cooperativa tem sua autonomia, mas aqui estamos buscando alternativas. A Resolução 5.220, publicada em 29 de maio, autoriza a prorrogação de custeios com recursos equalizados por até três anos. Equalizados são aqueles em que o governo paga a diferença de juros. No Pronaf, por exemplo, o produtor paga 6% e o governo cobre o restante da taxa.”

Contudo, o presidente da Cooperativa lembra que essa medida cobre apenas uma parte dos contratos. “Só 20% a 40% dos recursos são equalizados. Os demais, como os de poupança rural ou recursos próprios, não estão cobertos pela resolução. E aí está o problema. Além disso, o Manual de Crédito Rural (MCR) só autoriza a prorrogação de até 8% do total de contratos por ano, algo que é insuficiente diante do que estamos vivendo no RS”, explicou.

Matuella destacou ainda que o Sicredi tem atuado junto aos produtores, agências, sindicatos e órgãos superiores. “Temos participado de mobilizações, como em Tio Hugo, levado informações aos órgãos responsáveis e realizado reuniões com associados. O que pedimos hoje ao produtor é que traga seu laudo de perdas, emitido por cooperativas, escritórios de agronomia, para comprovar a necessidade da prorrogação.”

Segundo ele, todos os pedidos estão sendo analisados caso a caso. “O associado chega, apresenta o laudo, indica o que precisa prorrogar, e nós estamos fazendo isso. A resolução permite até três anos para os custeios equalizados. Já estamos fazendo isso para quem solicitou. O mesmo vale para investimentos, mas sempre com base na documentação. É importante que o produtor venha conversar, mesmo que ainda não tenha toda a papelada,” pede ele.

O presidente também lembrou que os recursos disponíveis para a próxima safra podem ser impactados pelas prorrogações. “Se muitos produtores prorrogarem, teremos menos recursos novos para a safra seguinte. É preciso equilíbrio. E para os que receberam o Proagro, a situação melhora, pois o seguro cobre parte das perdas, mas, mesmo assim, quem precisar, será atendido.”

Ações contínuas e atenção individualizada

O atendimento está sendo feito de forma contínua nas agências da cooperativa. “Desde o dia 10 de junho já começamos a atender os vencimentos. Dia 15 tem outro vencimento. Estamos cuidando para que nada fique vencido sem conversa. O produtor que não consegue pagar a parcela total, pode pedir para prorrogar parte. E não estamos liquidando operações para manter a possibilidade de securitização futura”, detalhou Matuella.

Turela destacou que, “nosso papel, como entidade, é justamente trazer essas informações à tona. Muitos não sabem o que está acontecendo de fato e acreditam em boatos. O Sicredi sempre foi parceiro e, com essa transparência, podemos ajudar o produtor a se organizar e seguir adiante”.

Por fim, Matuella completou com um apelo: “queremos ajudar o produtor. Queremos evitar a inadimplência e seguir juntos, cooperando. Nós somos da casa e vamos seguir atendendo a cada associado, sempre com  muito respeito e compromisso.”