Sicredi prevê liberar R$ 60 bilhões em crédito rural para os produtores
Os empréstimos para custeio da produção vão dominar as operações do Sicredi em 2023/2024
O Sicredi, o segundo maior agente de financiamento ao campo do país, prevê desembolsar R$ 60 bilhões em crédito rural na safra 2023/24, segundo o plano que a instituição cooperativa apresentou na última quinta-feira. Caso a projeção se efetive, o montante será 16% maior que o da temporada 2022/23, quando os desembolsos somaram R$ 51,7 bilhões.
De acordo com as projeções da instituição, o ritmo de crescimento do número de operações será ainda maior que o de desembolsos. A estimativa é de que o número de contratos de empréstimo aumente até 25% na temporada que começa oficialmente neste sábado, chegando a 375 mil liberações.
“Do número total de operações, 88% serão para agricultores de pequeno e médio portes”, afirma Luís Henrique Veit, superintendente de Agronegócio do Sicredi. Com atuação em todos as faixas de produtores, conta Veit, a instituição chega a fazer operações que vão de R$ 2 mil, para financiar o custeio de clientes da agricultura familiar, a R$ 30 milhões, para investimentos de grandes agricultores.
Linhas de financiamento
Os empréstimos para custeio da produção vão dominar as operações do Sicredi em 2023/24, com R$ 23,2 bilhões do total. Depois, na sequência, ficarão o crédito para investimentos, com R$ 11,1 bilhões, e as operações para comercialização e industrialização, com R$ 1,4 bilhão.
A cooperativa também projeta conceder R$ 24,3 bilhões em crédito ao agronegócio por meio de Cédulas de Produtor Rural (CPR), um instrumento que tem tido avanço expressivo nos negócios do Sicredi. Na temporada 2021/22, as operações da instituição com CPRs foram de R$ 7 bilhões. Em 2022/23, o montante mais do que dobrou, chegando a R$ 18 bilhões. Caso a projeção se confirme, as cédulas vão crescer cerca de 35% em relação ao último ciclo.
As CPRs já representam cerca de 80% dos desembolsos da instituição em crédito rural com taxas livres, conta Veit — e estas respondem por metade do total de financiamentos ao campo feitos pela cooperativa. As operações com juros equalizados (em que o Tesouro Nacional banca parte da taxa) e controlados compõem os outros 50% dos desembolsos.
Na safra 2023/24, o Sicredi prevê financiamentos de R$ 11,8 bilhões para a agricultura familiar e R$ 11,5 bilhões para os produtores rurais de médio porte. Para os demais públicos, o volume será de R$ 12,4 bilhões.
Veit disse que o Sicredi teve uma “avaliação positiva” do Plano Safra 2023/24, anunciado pelo governo nesta semana, que prevê mais de R$ 435 bilhões em recursos, mais até do que entidades de representação do agro haviam solicitado. O maior destaque, acredita ele, foi o incentivo à produção agrícola sustentável, com benefícios adicionais aos produtores que adotam boas práticas de cultivo. “Essa é uma característica do sistema cooperativo, que tem uma preocupação social e ambiental muito grande”, afirma o superintendente.
O Sicredi temais de 6,5 milhões de associados e atua em todos os Estados do país. Em mais de 200 cidades, a cooperativa é a única instituição financeira com estrutura física. No crédito rural, ela só fica atrás do Banco do Brasil em montante de financiamentos.