Copom mantém Selic em 15% e adota postura mais conservadora
A decisão foi divulgada na última semana, após reunião do Comitê de Política Monetária.

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na última quarta-feira, 17 de setembro, manter a taxa Selic em 15% ao ano, confirmando as expectativas do mercado. Apesar da decisão já ser amplamente antecipada, o comunicado trouxe um tom mais cauteloso, sinalizando que os juros devem permanecer elevados por um período prolongado. O Economista Chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes, fala sobre o cenário econômico após a decisão.
O Copom destacou que a guerra tarifária continua sendo uma fonte relevante de incertezas no cenário global. O comunicado não mencionou o recente corte de juros nos Estados Unidos, reforçando a postura conservadora diante das condições externas.
No Brasil, a desaceleração econômica segue dentro do esperado, com sinais de moderação. Mesmo com uma taxa de câmbio mais valorizada nos modelos, a projeção para a inflação no horizonte relevante da política monetária (1º trimestre de 2027) permaneceu em 3,4%, sem alterações em relação à reunião anterior.
Riscos para a inflação
O balanço de riscos segue equilibrado, mas com incerteza acima do normal. Entre os fatores que podem pressionar a inflação para cima estão:
• As projeções do mercado permanecem distantes da meta de inflação, atualmente em 3%;
• Inflação de serviços elevada e resiliente;
• Aumento dos gastos do governo;
• Risco de desvalorização cambial.
Por outro lado, uma desaceleração mais rápida da atividade, a contração do comércio global e a queda nos preços das commodities podem favorecer um cenário de desinflação.
Com o tom mais duro, o mercado deve, nesse momento, afastar apostas de corte de juros ainda em 2025. A expectativa é que a Selic permaneça em 15% a.a. até o fim do ano e inicie um ciclo de cortes no primeiro trimestre de 2026, chegando a 12% a.a. ao final do próximo ano.