Cooperativismo: um modelo centenário com propostas para o futuro
Por Fernando Dall’Agnese*

O cooperativismo está presente no Brasil há mais de 130 anos, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico em diferentes períodos e contextos. Ao longo do tempo, esse modelo ampliou o acesso a bens e serviços, fortaleceu economias locais e incentivou a inclusão social.
Embora centenário, o cooperativismo segue absolutamente atual. Seus princípios, como a gestão democrática, a intercooperação e o interesse pela comunidade, estão alinhados aos valores dos consumidores, que buscam se relacionar cada vez mais com organizações que tenham propósito claro, atuação ética e compromisso com o desenvolvimento coletivo.
Ao olharmos para o presente, vemos que o cooperativismo continua em expansão, fortalecendo sua presença em diferentes setores da economia e demonstrando grande capacidade de adaptação. Um exemplo desse avanço pode ser observado no cooperativismo de crédito. De acordo com o mais recente “Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo”, elaborado pelo Banco Central, o cooperativismo de crédito no Brasil manteve um ritmo de crescimento expressivo, consolidando-se como um dos segmentos mais dinâmicos do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O número de associados às cooperativas de crédito cresceu 11,2% em 2023 conforme o relatório, totalizando 17,3 milhões de cooperados. No Sicredi, chegamos a mais de 9 milhões de associados neste ano de 2025, reforçando nossa relevância no fortalecimento do setor.
Mas e quanto ao futuro do cooperativismo? Um estudo autoral conduzido pelo Sicredi em parceria com a consultoria de tendências e estratégia Futures Unit (Box1824) mapeou cenários futuros para o setor, conceito que recebeu o nome de Neocooperativismo.
O estudo projeta tendências que devem marcar o futuro do setor. Entre elas estão a economia regenerativa, que propõe ir além da sustentabilidade, promovendo a recuperação do meio ambiente e a justiça social; o neocoletivismo, que impulsiona a inclusão de grupos minorizados por meio da educação, empregabilidade e investimentos com propósito; e o conceito de fincare, que integra saúde financeira e bem-estar emocional como parte do cuidado integral das pessoas.
A pesquisa também aponta o papel das cooperativas nas cidades inteligentes, como agentes de transformação urbana com foco em mobilidade, internet das coisas e inteligência artificial. Outras tendências incluem o avanço de soluções sem fricção, com superapps e experiências digitais integradas; o reforço à inclusão financeira, por meio de moedas sociais, microcrédito e educação financeira; o apoio à agricultura familiar com uso de tecnologia; e o desenvolvimento do cooperativismo de plataforma, baseado no uso de dados como moedas digitais, inteligência artificial generativa e plataformas descentralizadas.