Nesta segunda-feira (11), empresários e lideranças da região se reuniram no Centro Empresarial (CEJAS) para acompanhar a palestra promovida pela Sicredi Norte SC em parceria com a Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (ACIJS). O evento teve como foco o atual cenário econômico nacional e internacional, seus impactos sobre os negócios e as perspectivas para os próximos anos.

Cenário econômico: desafios e oportunidades

O Diretor Executivo de Estratégia, Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi, Alexandre Englert Barbosa, e o Economista Chefe da instituição, André Nunes de Nunes, trouxeram análises aprofundadas sobre o contexto econômico global e nacional, destacando os principais desafios enfrentados pelas empresas.

Segundo os especialistas, o ambiente atual é marcado por volatilidade e mudanças inesperadas, como políticas externas que afetam diretamente setores produtivos. Tarifas elevadas impostas pelos Estados Unidos, por exemplo, geram impacto significativo sobre Santa Catarina, que tem o país como principal destino de suas exportações (14,9%), seguido pela China (11%).

Apesar dos desafios, Barbosa e Nunes também ressaltaram aspectos positivos que colocam Santa Catarina em posição de destaque no cenário nacional. O Estado é a 6ª maior economia do país e contribui com 29% do PIB da região Sul. Nos últimos três anos, o crescimento médio foi de 3,7%, acima da média nacional de 3,2%.

Santa Catarina lidera o ranking de competitividade dos estados em capital humano, segurança pública e sustentabilidade social, além de ocupar o 3º lugar em eficiência da máquina pública e infraestrutura. A taxa de desemprego em Santa Catarina é de 3%, é um percentual muito baixo, no país esse índice está em 7%. Santa Catarina foi o Estado que mais atraiu imigrantes na última década.

Quando o assunto é educação o Estado ocupa a 9ª posição no ranking, o que é um ponto de atenção, segundo Barbosa, pois é o que complementa o capital humano.

Perspectivas econômicas

André Nunes alertou para a redução da expectativa de crescimento global, estimada em cerca de 0,5% nos próximos dois anos — o que representa uma retração de aproximadamente US$ 600 bilhões no mercado consumidor. Esse cenário afeta diretamente o Brasil, fornecedor de insumos agrícolas e bens de capital, reduzindo demanda, preços e rentabilidade.

Além disso, a incerteza sobre a política fiscal brasileira repercute nas taxas de juros de longo prazo, que permanecem elevadas. “Com a Taxa Selic a 15% ao ano, temos atualmente a maior taxa dos últimos 20 anos”, afirmou o economista.

Segundo Nunes, o Brasil tem desafios, mas conta atualmente um cenário melhor que em 2014 em alguns aspectos. Os mercados estão em pleno funcionamento, Banco Central independente, o mercado de trabalho pós-reforma trabalhista tem gerado mais vagas formais, ciclo de privatizações e concessões que mantém os investimentos e o desenvolvimento do mercado de capitais e direcionado mais para os pequenos e infraestrutura.

Recomendações para os empresários

Alexandre Barbosa compartilhou orientações práticas para que os empresários enfrentem o atual momento com mais segurança e estratégia:

  • Revisar e ajustar o fluxo de caixa para garantir liquidez.
  • Avaliar a estrutura de governança e encurtar ciclos de planejamento.
  • Mapear cenários de crise e elaborar planos de resposta.
  • Investir em automação e em estratégias de proximidade com os clientes.
  • Revisar processos internos para aumentar a agilidade nas decisões.

Setores com potencial de crescimento até 2027

Apesar das incertezas, alguns setores apresentam boas perspectivas de crescimento:

  • Tecnologia da informação, com demanda crescente por soluções digitais e atualização de softwares.
  • Energia renovável e saneamento, impulsionados pelo novo Marco do Saneamento.

Nunes destacou também os serviços que têm crescido e gerado impacto ao longo dos últimos anos. Serviços pessoais como lavanderias, salões de beleza, serviços culturais e recreativos como academias, clubes, shows e eventos cresceram acima da média. O consumo das famílias representa 68% do PIB e avançou 13,1% desde 2022. “É uma sociedade que começa cada vez mais a sofisticar o seu consumo, começa a pensar mais em serviço e menos em bens, viaja mais, utiliza mais serviços médicos também”, finaliza o economista.

 

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Agência Sicredi
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