Centro de Formação Agrícola da Efasol será referência para capacitação de jovens do campo
Educandário conta com apoio do Sicredi para evitar evasão agrícola de jovens e incentivar sua permanência na propriedade
Associados de Passa Sete veem na Efasol uma oportunidade de crescimento para os filhos
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Associados de Passa Sete veem na Efasol uma oportunidade de crescimento para os filhos
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Autoridades estiveram reunidas para acompanhar o início das obras do novo prédio da Efasol
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Egresso Daniel José de Oliveira hoje colhe os benefícios do conhecimento adquirido
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Investimento na propriedade tem trazido bons resultados e comida na mesa
Momento histórico para Vale do Sol e região, o início das obras do Centro de Formação Agrícola é mais uma conquista da Escola Família Agrícola de Vale do Sol (Efasol), que busca consolidar o vínculo entre os jovens e a agricultura. Ao todo, o projeto conta com 1,2 mil metros quadrados e terá um investimento estimado em R$ 3,5 milhões. As obras serão divididas em sete módulos, sendo o primeiro voltado aos alojamentos masculinos e femininos, com previsão de conclusão até março de 2024.
Inaugurada em 2014 na localidade de Linha Formosa, a instituição de ensino médio/técnico já formou 133 alunos, dos quais 87% seguiram vinculados a agricultura familiar após a formação, um sinal de que o trabalho desenvolvido na instituição tem surtido efeito. Para o coordenador institucional, Régis Solano, o começo das obras representa um grande passo para criar mais oportunidades para o jovem do campo. “Após a formação dos jovens junto à escola, a permanência de vínculos com à agricultura familiar na região é muito forte. O Centro de Formação Agrícola será a concretização de um sonho antigo de toda a região”, ressalta.
Presente na solenidade realizada na última semana, o presidente da cooperativa, Egídio Morsch, se mostrou muito feliz com o crescimento do projeto de formação agrícola de jovens. Até o fim de 2023, a Cooperativa já terá destinado mais de R$ 945 mil em apoio. “O projeto da Efasol proporciona uma educação diferenciada aos filhos dos agricultores em nossa região. Os alunos podem vivenciar sua rotina diária agregada aos estudos, o que evita a evasão escolar, mantem estes jovens no campo e dificulta o êxodo rural”, frisa Morsch.
Entidade apoiadora da Efasol, o Sicredi teve sua origem na agricultura e historicamente está ao lado dos produtores rurais. Por isso, desde o início das conversas sobre a implantação de uma escola baseada na pedagogia de alternância no campo, o Sicredi Centro Serra foi uma das entidades que se mostrou entusiasta do projeto, se engajou e continua parceira da iniciativa.
Projeto que reaproximou os jovens da agricultura
Guilherme (15), Gabriani (16) e Gabriel (17) não têm apenas em comum a letra G na inicial do nome. Todos eles atualmente frequentam a Escola Família Agrícola de Vale do Sol (Efasol), em Linha Formosa. Filhos de Rosimeri e Gilsonei de Vargas, moradores de Pitingal, interior de Passa Sete, iniciaram os estudos na escola agrícola a partir das Assembleias do Sicredi. “A gente teve conhecimento sobre a Efasol através das Assembleias, onde o Egídio sempre manifestava a importância dessa iniciativa para a região. Percebemos que seria uma oportunidade dos nossos filhos enxergarem o potencial que a agricultura pode ter na vida deles”, contam os pais, orgulhosos.
Com o apoio da família, os três irmãos destacam que a vivência no educandário tem sido valiosa para ampliarem o olhar sobre assuntos além da agricultura, como preconceito, desigualdade e problemas sociais. Já conhecedor do método de ensino, Gabriel explica que a metodologia aplicada na instituição possibilita um aprendizado mais amplo dos temas. “Aprendemos a respeitar outras ideologias, etnias, culturas, religiões. Isso foi algo muito marcante para mim, pois é uma metodologia de ensino que transforma toda a nossa visão sobre o mundo. É um lugar que não forma apenas profissionais, mas também pessoas que saibam viver em comunidade”, detalha.
Na propriedade, o tabaco é a principal cultura. No entanto, os filhos tiveram de criar áreas experimentais para realização de atividades práticas da escola. Com isso, outras cultivares começaram a ganhar espaço na propriedade da família. Para garantir uma produção orgânica, a área foi cuidadosamente escolhida, para não haver nenhum tipo de interferência no processo de cultivo sem agrotóxicos. “Mesmo que a questão orgânica leve tempo para ser efetivamente implantada na propriedade, nossos filhos já estão testando o modelo nas áreas experimentais, visando um consumo de alimentos mais saudável para todos”, revela Rosimeri, que procura evitar uso de agrotóxicos nos alimentos da horta.
O período de estudos em Vale do Sol proporcionou um novo olhar sobre as possibilidades que a agricultura reserva para os jovens. Ao mesmo tempo, os estudantes se mostram ansiosos pela nova construção do novo prédio, que irá qualificar a metodologia de ensino. “Se não tivéssemos estudado na Efasol, talvez nunca entenderíamos o quanto temos de valor aqui na propriedade. Não é apenas uma escola, é uma grande família, estamos ansiosos para conhecermos a nossa nova casa”, concluem.
Conhecimento aplicado na propriedade
Criado em família de fumicultores, Daniel José de Oliveira (25), é um exemplo de mudança de perspectiva proporcionada pela Efasol. Antes de ingressar na escola agrícola, seguir na agricultura ainda era uma incerteza. Ao lado dos pais, na localidade de Faxinal de Dentro, interior de Vale do Sol, o jovem revela que apenas teve certeza da permanência na propriedade após iniciar os estudos na escola agrícola, onde ficou de 2015 até 2017, quando se formou. Um ano depois, em 2018, foi a vez da irmã Isabel de Oliveira concluir os estudos no educandário. No entanto, apenas Daniel seguiu no campo.
Embora tenha crescido no meio rural, o jovem conta que não tinha o interesse de permanecer na propriedade, onde o tabaco era a renda principal da família. Contudo, foi através da criação de uma Escola Família Agrícola (EFA) no município, que sua realidade mudou. “O período de estudos abriu minha mente para muitas oportunidades, pois eu era alguém que não pesquisava muito e não tinha tanta ambição de investir na propriedade”, ressalta. Com o conhecimento adquirido, o jovem investiu no cultivo de diversas culturas, com destaque para o plantio de soja, milho e trigo.
Já formado há mais de seis anos, Daniel hoje reconhece a passagem pelo educandário como um divisor de águas em sua vida. “Eu já tinha decidido que iria parar de estudar no ensino fundamental, mas o surgimento da Efasol me fez repensar essa ideia. O que mais me marcou nos três anos foi a mudança de pensamento que tive em relação a agricultura e aos meus sonhos. Hoje sinto muito orgulho em dizer que sou agricultor”, explica.