Sicredi impulsiona projetos sustentáveis de estudantes do Colégio Agrícola
Laboratório renovado, árvores plantadas e espaço de convivência formam legado deixado por formandos do Técnico em Agropecuária

Um grande encontro entre as turmas de terceiro ano do Colégio Agrícola Estadual Ângelo Emílio Grando, de Erechim-RS, representantes do Sicredi e da Lobo Lab marcou o encerramento do Semeando o Futuro: Construindo Comunidades Sustentáveis. A iniciativa é da Sicredi UniEstados em parceria com o Fundo Social Sescoop-RS. Nesta quarta-feira (1º), os formandos do Técnico em Agropecuária apresentaram os resultados das três propostas desenvolvidas com apoio dos professores, da banca julgadora e da empresa de consultoria, e encararam um desafio final.
Desde junho, cada grupo passou por etapas de planejamento, proposição das ideias para o júri, ajustes, recebimento da verba – R$ 5 mil para cada turma – e execução. Todos os trabalhos tiveram impacto social ou ambiental tanto na instituição de ensino como na comunidade escolar de Erechim: a turma 31 revitalizou o laboratório de ciências naturais de seu colégio; a turma 32 mobilizou estudantes de escolas municipais e estaduais a plantarem árvores e, com a ajuda de histórias, repassou conceitos de educação ambiental às crianças; já a turma 33 construiu um espaço de convivência, valorização da cultura gaúcha e da memória do Colégio Agrícola.
Apresentação dos trabalhos
Na exposição, os estudantes surpreenderam com a criatividade. O primeiro grupo demonstrou em experimentos químicos a simulação de um vulcão em erupção e conceitos como densidade e pH. Teve até teste ao vivo com reagentes para descobrir tipo sanguíneo. Um artigo sobre a renovação do laboratório, escrito pelos professores André Slaviero e Simone Castelan, que orientaram os alunos na atividade, foi aprovado pelo Encontro Anual de Ensino de Química (EDEQ) e será apresentado no congresso em Nova Prata-RS na próxima semana.
O segundo grupo exibiu um vídeo mostrando o plantio de 37 mudas e o depoimento de crianças e jovens que participaram da ação. Os relatos definiram como “libertadora” e “inspiradora” a sensação de colocar a mão na terra e contribuir para a preservação do meio ambiente. Os jurados ressaltaram a importância dessa iniciativa pela sustentabilidade, baixo custo e alto impacto, além da positiva integração e envolvimento da comunidade escolar do município. Por este motivo, acreditam no potencial de continuidade do projeto.
O terceiro grupo se desafiou na construção de um espaço de convivência. O local precisou de instalação de encanamentos de água e esgoto, preparação elétrica, nivelamento do solo, acomodação de piso e estruturação do pergolado. Depois de pronto, foram acrescentados bancos, mesas, bebedouros de água fria e quente para o chimarrão. Um ponto especial foi destinado para abrigar o primeiro trator do Colégio Agrícola e uma linha do tempo que conta a história da instituição. “A gente vê que deu certo quando olha para lá e vê que tem gente usando”, orgulhou-se um integrante da turma 33. O participante do júri Rodrigo Pan Valdemarca, coordenador de núcleo do Sicredi, emocionou-se ao lembrar de sua própria formação na instituição agrícola e destacar a perpetuidade do projeto.
Como forma de reconhecimento e certificação, a banca entregou a cada grupo uma placa para ser afixada nos locais transformados pelo esforço coletivo dos alunos.
Desafio final
A última parte do encontro foi reservada a um novo desafio: planejar e construir um veículo movido a ar para participar de uma corrida. Divididos em nove grupos, os estudantes precisaram ser criativos e utilizar materiais como cartolinas, tampinhas e caixas de remédio – tudo comprado com moedas fictícias concedidas pela banca, o que exigiu educação financeira e margem para imprevistos. O combustível dos carrinhos e barcos foi o assopro: o veículo que completasse o percurso de cinco metros e cruzasse primeiro a linha de chegada vencia. Depois de três rodadas de tirar o fôlego, a equipe vencedora foi a Velozes e Soprosos com o Slaviero Car, batizado em homenagem ao professor André.
Aprendizados para a vida
Eloá de Oliveira disse que pôde exercitar o trabalho em equipe e pela primeira vez percebeu que todos ajudaram: "Achei linda a forma como a turma se uniu e cada um se doou um pouquinho para fazer esse projeto se tornar possível. Foi uma forma de turma deixar um legado para o projeto agrícola, que vai ficar para todas as gerações.”
Eduarda Nogaro, uma das idealizadoras do “Mudas que Inspiram”, entende que o potencial do Colégio Agrícola de mostrar como é importante e trazer essa prática cada vez mais: “Pra nós, do Colégio Agrícola, isso é do cotidiano. Mas nas outras escolas, principalmente pro pessoal da cidade, não é tão comum. Quisemos plantar uma sementinha. A gente não precisa contagiar o mundo inteiro; conseguindo conquistar o coração de uma pessoa já faz grande diferença”.
Bernardo Barbacovi, da turma 31, falou da relevância de reformar o laboratório para ter uma formação mais completa: “Era um espaço desativado, que não estava funcionando. A gente fez a compra de novos materiais e reagentes, e assim conseguiu ter aulas práticas, que contribuem para um ótimo desempenho pedagógico. A cooperação e a comunicação foram coisas que trabalhamos bastante. Provavelmente no futuro, em alguma empresa, a gente vai utilizar”.
Na avaliação de Silvia Preczevski, assistente de negócios do Sicredi e integrante do júri, houve um visível desenvolvimento dos grupos desde o primeiro encontro e a aprendizagem de soft skills. “Esse projeto deu espaço para eles criarem planos de ação, a gente sugeriu melhorias, desenvolveu líderes e promoveu a união das equipes. Foi uma forma de preparar os alunos para o mercado de trabalho, porque eles vão precisar enfrentar adversidades”, avalia Silvia.
Para Jaime Testolin, diretor de Operações da Sicredi UniEstados, a cooperação entre os alunos foi fator decisivo para alcançar bons resultados: “Percebam o quanto a gente consegue criar cooperando. Se vocês fizessem esse projeto aqui individualmente, talvez não teriam conseguido passar da faixa final. Procurem trabalhar em conjunto com quem estiver ao lado de vocês, porque o resultado é muito melhor”.
Evandro Varotto, diretor de Negócios, destacou o papel dos professores na realização da iniciativa. “Independente de onde a gente nasceu ou qual a condição, o caminho sempre vai ser a educação. Por meio dela a gente vai poder avançar, prosperar e construir algo melhor. Pra nós, do Sicredi, é uma grata satisfação poder ter esses momentos voltados à educação, ao esporte e à cultura, que representam o que é nosso diferencial”, reflete Varotto.
O Semeando o Futuro: Construindo Comunidades Sustentáveis reafirma o apoio do Sicredi à educação e ao desenvolvimento sustentável das comunidades, além de oportunizar aos alunos práticas que os preparem para a vida profissional e ferramentas para que desenvolvam suas ideias de modo colaborativo.