Por Marcio Port
Presidente da Central Sul/Sicredi

Somos, diariamente, impactados por manchetes nos principais veículos de comunicação do país sobre as consequências negativas das apostas esportivas no bolso da população brasileira. E, mais do que nunca, é preciso falar abertamente sobre o tema.

Diversas pesquisas e estudos mostram que essas atividades reduzem significativamente valores depositados em poupança, em especial, entre as famílias que menos condição têm de guardar dinheiro.

O aumento das dívidas no simples desejo - e na ilusão - de que as apostas trarão ganhos reais, é uma dura realidade entre os brasileiros. O ato de apostar é um perigoso gatilho para comportamentos de risco, levando a um ciclo vicioso de perdas e novas apostas na tentativa de recuperar o pouco (ou muito) do que foi perdido.

O Instituto DataSenado, em pesquisa nos últimos meses, apurou o percentual de apostadores com dívidas em atraso há mais de 90 dias. Eles representam 58% das pessoas que gastaram com bets por meio de aplicativos ou sites na internet.

Dessa triste história, o fim é um só: comprometimento financeiro, que pode levar a tensões e conflitos familiares, afetando negativamente a dinâmica e a estabilidade do lar. Além do mais, muitos brasileiros entendem o exercício de apostar como uma forma de investimento, porém, acabam comprometendo o orçamento sem obter o retorno esperado. Nesse movimento impensado, produtos de primeira necessidade são trocados por tentativas, sempre frustradas, de ganhos rápidos.

 Nesse cenário que se mostra sombrio para grande parte da população, tentar a sorte ganha novo significado nos tempos atuais. O que precisa ser debatido e combatido é o empobrecimento e o endividamento do brasileiro por meio da falta de informação a respeito das consequências de decisões incorretas, escondidas sob o sedutor e inofensivo véu do entretenimento.

Alguém sempre ganha, e nunca é o cidadão. É neste ponto que entra a questão da educação financeira, isto é, saber lidar com seu dinheiro. Neste sentido, se fazem urgentes políticas públicas que ofereça ferramentas assertivas de orientação e do incentivo de atitudes conscientes em relação ao dinheiro e ao crédito para uma vida financeira mais sustentável.

Danos econômicos e sociais das apostas

De acordo com levantamento do Instituto DataSenado, 13% dos brasileiros com 16 anos ou mais (cerca de 22,1 milhões de pessoas) afirmam ter apostado em “bets” nos últimos 30 dias.

A pesquisa revela que homens até 39 anos com ensino médio completo são os maiores usuários de aplicativos de apostas esportivas no país.

Entre os entrevistados que realizaram apostas esportivas, 62% são do sexo masculino. As mulheres representam 38%. A maioria dos apostadores (56%) tem entre 16 e 39 anos, seguidos das faixas entre 40 e 49 (17%), 50 e 59 (13%) e 60 anos ou mais (14%). A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 28 de junho. 

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