Alta da Selic: como planejar meus investimentos?
A alta da taxa básica de juros influencia na rentabilidade de títulos de renda fixa, abrindo novas oportunidades
2021 foi marcado pelo aumento da taxa Selic, que seguem em 2022. Atualmente em 13,25%, após a mais recente alteração, anunciada em junho, o Copom já sinalizou nova alta para agosto, com previsão de fechar em 13,5% ou 13,75%. Essa mudança toda influi nos investimentos, tendo em vista que a Selic é utilizada com base para o cálculo de vários tipos de ativos, em especial na renda fixa.
Neste artigo, falaremos sobre um pouco do histórico da taxa Selic, como ela influi nos investimentos e como levá-la em conta na hora de escolher suas próximas aplicações.
Histórico
A Selic – Sistema Especial de Liquidação e Custódia – foi criada em 1979 pelo Banco Central, com o propósito de tornar as negociações de títulos públicos mais transparentes e seguras. Até então, a compra e a venda de ativos eram realizadas manualmente, o que abria margem para erros e fraudes. Com a criação do sistema, a emissão de títulos e cheques de papel passaram a contar com registros eletrônicos, o que permitiu a conclusão das operações no mesmo dia em que eram realizadas.
O Banco Central passou a utilizar a Selic com um sistema de controle das reservas bancárias, e como um dispositivo para evitar a finalização de operações em casos de inadimplência de uma das partes negociadoras. Com o tempo, a taxa média ajustada dos financiamentos realizados pelos bancos ficou conhecida como Selic.
Contudo, a partir de 1996, o governo criou outro sistema de “bandas de juros”, que coexistiu com a Selic até 1999, quando foi substituído pela Selic que temos até hoje: a taxa básica de juros da economia, definida por meio de metas do Copom – Comitê de Política Monetária. O Comitê se reúne a cada 45 dias para definir qual será o novo valor da Selic.
A menor taxa Selic registrada em sua história é recente, entre agosto de 2020 e março de 2021, quando o índice ficou no patamar de 1,90% ao ano. O objetivo do Copom com essa estratégia foi estimular a economia em meio à crise causada pelo coronavírus, diminuindo o custo dos empréstimos, e incentivando os investidores a saírem da renda fixa.
Com o avanço da vacinação e os sinais de retomada da economia, o Copom tem demonstrado o fim dessa baixa histórica e registrado a tendência de aumento da Selic para os próximos meses.
Inflação e Selic, dois aspectos que influem nos investimentos
Apesar do movimento de alta da Selic, outro fator a ser levado em conta nos investimentos é a inflação, que no Brasil é medida oficialmente pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo. Assim como o CDI – Certificado de Depósito Interbancário, definido pela Selic – o IPCA também serve de benchmark (índice) para o cálculo de algumas aplicações em renda fixa.
Geralmente, os investimentos que utilizam o IPCA como benchmark têm como principal objetivo manter o poder de compra do investidor, mantendo uma rentabilidade média que não ultrapassa demais a inflação.
Já as aplicações que seguem o CDI como parâmetro de rendimento, costumam buscar ganhos aproximado à taxa Selic. Por regra do Banco Central, as instituições financeiras devem encerrar o dia com saldo positivo em caixa como medida de segurança do sistema financeiro. O CDI é a taxa que as instituições financeiras recebem quando fazem empréstimos a outras instituições financeiras para fechar o caixa. Geralmente, o CDI acompanha de perto o valor da Selic.
A Selic é um dos principais dispositivos do governo para o controle da inflação. Com a Selic mais alta, há o efeito de frear o consumo (e a inflação), encarecendo o acesso ao crédito e a financiamentos e contendo os preços. Isso impacta diretamente mercadorias e serviços, desaquecendo a economia. Já a Selic mais baixa causa o cenário inverso, pois a redução dos juros torna o crédito e os financiamentos mais baratos, aumentando as possibilidades de investimentos das empresas e a criação de mais postos de trabalho. A consequência disso é o aumento do consumo e o reinício do ciclo inflacionário.
Historicamente, a inflação (IPCA) vinha se mantendo abaixo da taxa Selic, situação que se inverteu com os desdobramentos da pandemia em 2020. Com a desaceleração da economia devido ao avanço do vírus, houve um aumento da inflação causada, principalmente, pela escassez de produtos e serviços, que deixaram de ser importados ou fabricados em território nacional durante o fechamento. Essa foi a principal origem do aumento dos preços, além da desvalorização do real frente ao dólar.
Por essa razão, apesar da baixa histórica da Selic, o IPCA se encontra em patamares mais altos que a taxa básica de juros. Dessa maneira, alguns investimentos atrelados ao CDI podem ter uma rentabilidade que “perde para a inflação”.
Investimentos para ficar de olho com a alta da Selic
A Selic mais alta impulsiona o desempenho de investimentos em renda fixa, gerando novas oportunidades para os investidores.
Se o objetivo for manter o poder de compra sem grandes riscos, os títulos mais atraentes são os atrelados à inflação (IPCA). Esses investimentos funcionam mais como proteção ao patrimônio do investidor, frente às incertezas do mercado. Alguns títulos oferecem um percentual fixo + a variação do IPCA no período, o que pode trazer uma boa rentabilidade.
Já quem deseja correr um pouco mais de risco com a promessa de rentabilidade maior, pode recorrer à investimentos atrelados ao CDI, que ofereçam taxas além de 100% do CDI, ou até pré-fixados acima de 14% ao ano.
Os títulos que oferecem as modalidades de renumeração citadas acima são RDC (Recibo de Depósito Cooperativo), LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), Fundos de Renda Fixa e Fundos Multimercado.
Mas atenção: observe outras características dos investimentos, como prazo, liquidez, risco e período de carência.
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