Bate-papo com a jornalista Rodaika discutiu organização e vida financeira

Santa Cruz do Sul (RS) - Quando o termo “dinheiro” é levantado em uma roda de conversa, muitas pessoas se sentem desconfortáveis ou até encaram o tema como um tabu e não querem falar sobre nada relacionado. Mais do que apenas usá-lo, é preciso debater como utilizar com sabedoria, desmistificando a crença de que dinheiro é assunto de adulto, e trazendo esse aprendizado para os pequenos, mesmo que de forma lúdica. Esses foram alguns dos assuntos abordados no bate-papo “Não é só dinheiro, é entender como cuidar”, promovido pelo Sicredi Vale do Rio Pardo, nessa terça-feira, 13, no auditório central da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

Apesar de ser um tema considerado delicado por muitos, o público presente no evento mostrou justamente o contrário. O auditório da Unisc estava lotado, repleto de pessoas dispostas a aprender e falar de dinheiro. Para conversar sobre as diversas áreas que envolvem a vida financeira, como investimentos, hábitos de consumo, metas financeiras, planejamento, entre outros, participaram do debate a assessora de Cooperativismo e Sustentabilidade do Sicredi VRP, Tatiane Becker, a gerente de Negócios do Sicredi VRP, Débora Reckziegel, a economista e docente do curso de Economia da Unisc, Ariana Sachett, mediadas pela jornalista do Grupo RBS, Rodaika Dienstbach.

Na abertura do bate-papo, o presidente do Sicredi Vale do Rio Pardo, Heitor Álvaro Petry, salientou a importância do cooperativismo. “Dentro do nosso propósito, a parte econômica faz parte, mas temos um pilar no qual nunca abrimos mão, o pilar social, que é o retorno que a cooperativa precisa gerar para os associados e para a sociedade. Neste retorno das nossas atividades, nossa cooperativa vai injetar cerca de R$5 milhões em projetos de retomada, em iniciativas urbanas, rurais e ambientais. Isso não é uma ação de marketing, é a nossa essência, o cooperativismo precisa estar voltado a comunidade”, destacou Petry.

Para a assessora da cooperativa, Tatiane Becker, a roda de conversa teve como objetivo descomplicar um assunto que é tão importante e que deve ser tratado de forma mais leve. “Queremos simplificar a educação financeira e a necessidade de conversarmos sobre isso, existem estereótipos por trás desse tema que distanciam as pessoas de falar sobre dinheiro com mais tranquilidade. Pensando nisso, o Sicredi apoia esse movimento não somente na Semana Nacional de Educação Financeira (ENEF), mas também através do programa Cooperação na Ponta do Lápis, que leva formação e conhecimento sobre esse tema”, pontuou.

A gerente de Negócios do Sicredi VRP, Débora Reckziegel destacou que é importante, desde cedo, olhar para a vida financeira e criar estratégias para alcançar os objetivos. “Todos nós temos um desejo, uma forma de pensar e agir, mas a parte da organização, muitas vezes, é deixada de lado e fica apenas no sonho. Muita gente não tem planejamento e seguem na linha do imediatismo, hoje em dia temos uma geração imediatista e consumista. Por isso é tão importante visualizar, escrever suas metas. Talvez uma planilha vai funcionar para algumas pessoas, já para outras o papel e a caneta vão fazer o mesmo efeito”, alertou.

“A primeira dica prática é começar. O ser humano é muito de procrastinar, a dieta eu começo na segunda, a academia no verão, a lista de promessas do ano novo é uma infinidade de coisas. A dica é começar organizando, botando na ponta do lápis o ganho, os gastos, onde eu posso mexer ou não. Sobre investimentos, não faça sobrar para daí guardar, temos que tratar investimentos como uma despesa fixa, temos que agir com o racional”, indicou Débora.

Além disso, a gerente de Negócios levantou uma temática também importante, mas que muitas vezes é ignorada. “Estamos falando de planejamento a curto e médio prazo, no entanto podemos falar sobre o futuro, a aposentadoria. É difícil para o nosso cérebro se acostumar a guardar dinheiro, pois o valor que eu deixo de gastar em algo que eu gosto e traria satisfação momentânea, é algo que o meu ‘eu do futuro’ vai agradecer. Temos que criar mecanismos para fazer virar um hábito e não ser tão sofrido. Automatizar esse processo de guardar o dinheiro já quando recebermos é a chave, o valor sai da conta junto com as despesas e nem vemos”, recomendou.

A mediadora do debate analisou, de forma geral, o comportamento em relação aos ganhos. “Percebo que a nossa relação com o dinheiro é muito equivocada, creio que seja algo cultural, mas hoje em dia, com mais informações e conversas como essa nós conseguimos passar por cima e desenvolver nosso próprio senso crítico em relação a isso”, celebrou Rodaika.
A roda de conversa, que foi aberta à comunidade e com entrada gratuita, trouxe temas importantes como investimentos, gastos emocionais e racionais, dicas práticas de organização financeira, produtos e serviços do Sicredi para auxiliar no planejamento, além de temas relacionados.

Educação financeira nas escolas: No Sicredi Vale do Rio Pardo é desenvolvido um dos principais projetos relacionados à Educação Financeira. O Cooperação na Ponta do Lápis é um programa de educação em que o objetivo é oportunizar à comunidade escolar, saberes voltados à temática da educação financeira respeitando os diferentes contextos das comunidades, conectada ao currículo escolar, como preconiza a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais de 50 escolas dos municípios de atuação do Sicredi VRP já participaram da iniciativa.