Fevereiro/2021
No cenário climático, as estimativas da Agência de Clima dos EUA (NOAA) seguem demonstrando 95% de chances do fenômeno La Niña seguir instalado até pelo menos o final do primeiro trimestre de 2021, com os modelos indicando com 55% de chances de convergência para uma fase neutra a partir do segundo trimestre. Contudo, nas últimas duas semanas houve o aumento da probabilidade de manutenção da fase fria, ficando em 40% no relatório de 1 de fevereiro da NOAA. Esse cenário mantém a tendência de chuvas que temos sinalizado para a safra de verão, com precipitac6es abaixo da média na regido Sul e maior concentração de chuvas no Sudeste e Centro-Oeste. Contudo, conforme estimativas da Somar Meteorologia, o leste do Pacifico continua em processo de aquecimento e as aguas profundas do oceano mantém uma massa de calor, o que seria necessário mudar para que o cenário se concretize e para que haja influências da anomalia no cenário a frente. No âmbito da safra 2020/21, as influências permanecem as mesmas, com riscos de chuvas abaixo da média em fevereiro no RS.
Na região Sul, janeiro foi marcado por chuvas acima da média, sendo um cenário atípico em um contexto de La Niña instalado. Em algumas regiões onde a média histérica é de 150 milímetros em janeiro, chegou a chover 180 milímetros em uma Única semana, acumulando 600 milímetros no mês. Por um lado, as chuvas beneficiaram as lavouras que sofreram com o clima seco no início da safra. Por outro lado, o excesso de umidade no solo atrasa a colheita das lavouras mais precoces e compromete a qualidade do grão. Apesar do sinal de alerta, as entidades regionais veem reportando um cenário positivo em relação a qualidade das lavouras. De acordo com as estimativas da Somar Meteorologia, a umidade acumulada no solo na primeira semana de fevereiro é de 90 a100 milímetros de chuvas em toda a regido Sul. Para frente, a consultoria estima que o volume de chuvas deve se reduzir, devendo chover cerca de 20 milímetros por semana, nas duas primeiras semanas de fevereiro. Na segunda quinzena, a expectativa é de baixos volumes de chuvas, mas sem uma abstenção total. Tendo em vista que a umidade do solo se encontra em nível elevado, as lavouras devem seguir se desenvolvendo plenamente, mas mantemos o risco de cenários mais adversos em função do La Niña instalado. No Sudeste e no Centro-Oeste, o mês de janeiro foi de chuvas abaixo da média histórica, mas com volumes favoráveis ao desenvolvimento das lavouras na grande maior parte das regiões produtoras. No início de fevereiro, a umidade acumulada no solo nas regiões variava entre 60 e 100 milímetros de chuvas, com exceção do sudoeste do Mato Grosso, onde o acumulo médio era de 30 milímetros. Tendo em vista a umidade elevada na maior parte das regiões beneficiou o desenvolvimento da safra, mas vem gerando atraso no início da colheita. Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA), até o dia 29 de janeiro, 4,7% da área havia sido colhida, ante 26,7% na safra anterior e 219% na média dos últimos 5 anos. Para frente, as estimativas da Somar apontam que o início de fevereiro deve ser mais seco, com maior concentração de chuvas na segunda quinzena.
O preço da soja subiu 10,0% em janeiro ante o mês anterior, atingindo R$ 167,87 por saca. A valorização do grão ocorreu em função da desvalorização cambial e por conta da oferta restrita, diante do atraso da colheita no Brasil e piora da safra argentina.
Em relação a oferta de soja, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu em janeiro a estimativa de oferta global de 362,1 milhões de toneladas para 361,0 milhões de toneladas (-0,3%). Essa redução ocorreu em função da queda nas expectativas de produção na América do Sul, principalmente na Argentina. Entre janeiro e fevereiro, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu a estimativa de produção de 50,0 milhões de toneladas para 46,0 milhões de toneladas (-8,7%) em virtude do clima seco. A oferta argentina estimada para a corrente temporada fica 5,7% abaixo de 2019/20. No Brasil, a Conab reduziu pontualmente a estimativa de produção de 134,5 milhões de toneladas para 133,7 milhões de toneladas (-0,6%) em função das adversidades climáticas no início da safra e necessidade de replantio em algumas regiões, como RS e MT. Parte desse efeito acabou sendo atenuado com melhor das chuvas em janeiro em todas as regiões produtoras, mas a colheita já se encontra atrasada. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola, até o dia 22 de janeiro, 2,2% da área plantada no MT havia sido colhida, ante 14,4% na safra anterior e 11,7% na média das últimas 5 safras. No Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural, a colheita ainda não se iniciou, enquanto na safra passada 2% da área já havia sido colhida e 9% na média das últimas 5 safras. Com a oferta restrita, as exportações brasileiras em janeiro de 2021 foram de 49,5 mil toneladas, 96,5% abaixo de janeiro de 2020, o que deve ser revertido a frente com a intensificação da colheita.
Em relação a demanda, o USDA aumentou pontualmente o consumo global na temporada 2020/21 de 369,7 milhões de toneladas para 369,8 milhões de toneladas, ficando 4,3% acima de 2019/20. A China segue sendo o principal demandante global de soja. A economia chinesa cresceu 2,3% em 2020 e tem perspectiva de avançar 8,2% em 2021, de acordo com a mediana das expectativas de mercado, corroborando para continuo incremento no consumo das famílias. Concomitantemente ao crescimento econômico, o rebanho suíno chinês segue em recuperação. Apesar da continuidade da ocorrência de casos de Peste Suína Africana, o rebanho suíno vem se recuperando em função da intensificação da produção em fazendas com alto nível de tecnologia e com maiores níveis de biossegurança. Dessa forma, o USDA estima que as importações chinesas de soja devam atingir 100 milhões de toneladas em 2020/21, 1,5% acima da temporada anterior e volume recorde histórico. Nesse contexto, o USDA elevou em janeiro a estimativa de exportações dos EUA de 59,8 milhões de toneladas para 60,7 milhões de toneladas na corrente temporada, 32,6% acima de 2019/20. Diante deste cenário, o USDA reduziu as expectativas de estoques globais finais de 85,6 milhões de toneladas para 84,3 milhões de toneladas, sendo o menor nível desde 2015/16.
Diante da oferta escassa e demanda aquecida, o preço da soja negociado na Balsa de Chicago se elevou em janeiro para US$ 13,72 por bushel (R$ 162,33 por saca) na média do mês, 13,6% acima de dezembro e 49,6% acima de janeiro de 2020. No Brasil, o prego seguiu o mesmo rumo, se elevando 10,0% no mesmo período para R$ 167,87 por saca, ficando 92,1% acima de janeiro de 2020 e praticamente em linha com o preço norte-americano. Além do quadro de oferta e demanda mais apertado, a desvalorização cambial de 5,1% entre dezembro e janeiro também colaborou para a elevação do preço da soja no Brasil, com a taxa de cambio chegando a R$ 5,46 no fechamento do mês.
Para frente, a demanda chinesa por soja deve seguir aquecida, o que impulsionara as exportac6es brasileiras e norte-americanas em 2021 para novo recorde histérico e manter o preço da soja mais elevado do que em 2020. No curto prazo, caso se confirme o volume de produção brasileiro estimado pela Conab e a produção argentina estimado atualmente, os preços devem ceder pontualmente a medida que a colheita avançar. Por outro lado, a incerteza sobre o processo de vacinação contra a covid-19 e risco fiscal brasileiro mantém o viés de alta sobre nossa projeção de cambio de R$ 4,75/US$ no final de 2021, principalmente no início do ano, o que pode atenuar parte da queda de preços mesmo em um cenário de oferta abundante.
O preço do milho no mercado interno avançou 11,0% entre dezembro e janeiro para R$ 83,65 por saca em função da oferta escassa do cereal no mercado doméstico e pela desvalorização cambial.
No mercado internacional, em janeiro, o USDA reduziu a estimativa de oferta de milho dos EUA na temporada 2020/21 de 368,5 milhões de toneladas para 360,2 milhões de toneladas, ainda 4,5% acima da temporada anterior. Em relação a demanda, a estimativa do Departamento foi reduzida de 309,3 milhões de toneladas para 305,4 milhões de toneladas e as exportações esperadas caíram de 67,3 milhões de toneladas para 64,8 milhões de toneladas. Tendo em vista que a queda das estimativas de produção ocorreu numa magnitude maior do que a demanda, os estoques finais foram reduzidos de 43,2 milhões de toneladas para 39,4 milhões de toneladas. Além disso, a economia chinesa segue dando sinais de continuo crescimento em 2021, o que deve resultar em maior demanda por grãos, especialmente milho e soja dos EUA. Nesse contexto, o preço do milho na Bolsa de Chicago se elevou 18,7% entre dezembro e janeiro para US$ 5,17 por bushel, sendo o preço mais elevado dos últimos sete anos.
No mercado doméstico, tendo em vista as adversidades climáticas no início da safra, a Conab reduziu novamente em janeiro a estimativa da primeira safra de milho para 23,9 milhões de toneladas, ficando 6,9% abaixo da última temporada. No total da temporada, a produção esperada ficou em 102,3 milhões de toneladas, em linha coma safra temporada passada. Em relação a demanda, a Conab mantém o número de 68,7 milhões de toneladas de milho consumidas internamente para 2019/20 e 71,8 milhões de toneladas para a safra 2020/21. 0 consumo doméstico deve seguir aquecido com o aumento da produção de carnes e pela recuperação do preço do petróleo com a retomada da atividade econômica, que impulsiona 0 preço do etanol. Por outro lado, com a redução do ritmo de recuperação em alguns setores e com a retirada do auxilio emergencial, a demanda de ração para a produção de carnes voltadas ao consumo doméstico pode desacelerar, mas para exportações segue com viés positivo, ainda se beneficiando da desvalorização cambial no curto prazo. Diante do risco global de novas variantes da covid-19, atrasos no processo de imunização e risco fiscal no doméstico, o real se desvalorizou 5,1% em relação ao dólar entre dezembro e janeiro para R$ 5,46/US$. Dessa forma, as exportações de janeiro foram de 2,1 milhões de toneladas, 20,9% acima de janeiro de 2020. Diante do contexto de elevação do preço internacional, desvalorização cambial e no contexto de oferta mais restrita no preço internacional, o preço do milho se elevou 110% entre dezembro e janeiro para R$ 83,65 por saca, ficando 63,8% acima de janeiro de 2020.
Para frente, o preço do milho deve seguir elevado no primeiro trimestre do ano em função da oferta restrita, da desvalorização cambial e por conta da demanda mais aquecida, tanto doméstica quanto externa, onde as exportações vêm performando melhor do que em 2020. No médio prazo, caso a segunda safra de milho seja implantada no período adequado, o preço do cereal pode ceder com a confirmação do volume robusto estimado inicialmente.
O preço do milho no mercado interno avançou 11,0% entre dezembro e janeiro para R$ 83,65 por saca em função da oferta escassa do cereal no mercado. O preço do trigo avançou 12,5% entre dezembro e janeiro para R$ 1.477,11 por tonelada. O movimento ocorreu em função da desvalorização cambial no período e pela oferta restrita na entressafra.
Em relação a oferta, a Argentina finalizou os trabalhos no campo e Bolsa de Cereais de Buenos Aires manteve a estimativa da safra em 16,8 milhões de toneladas, 14,9% abaixo do colhido em 2019. Já nos EUA, o USDA manteve estável a estimativa de produção em 49,7 milhões de toneladas, 5,5% abaixo do produzido na temporada anterior em virtude de adversidades climáticas no final da safra. Em relação a demanda, o Departamento elevou a estimativa de 30,7 milhões de toneladas para 31,4 milhões de toneladas, resultando numa queda na expectativa de estoques finais de 23,5 milhões de toneladas para 22,7 milhões de toneladas, chegando ao menor nível desde 2014/15. Diante deste cenário de oferta mais escassa, o preço internacional seguiu avançando, se elevando 9,1% entre dezembro e janeiro para US$ 6,55 por bushel, o maior nível de preços desde 2014.
No cenário doméstico, a oferta segue restrita durante o período de entressafra, com a estimativa da Conab estável em 6,2 milhões de toneladas de produção na temporada de 2020, equivalente ao produzido na temporada anterior. Apesar do volume de oferta ser similar a temporada anterior, entidades regionais como Emater e Deral salientam que a qualidade do trigo colhido foi comprometida em função de chuvas na colheita, restringindo ainda mais o produto disponível para as indústrias. Além disso, o Real se desvalorizou 5,1% em relação ao dólar entre dezembro e janeiro, tornando mais cara a importação do trigo argentino. Nesse contexto, o cereal brasileiro se valorizou 12,5% entre dezembro e janeiro para R$ 1.477,11 por tonelada, sendo o recorde real histérico.
Para frente, a disponibilidade restrita do cereal e o real mais desvalorizado em função do risco global e doméstico devem seguir impulsionando os preços do cereal, pelo menos no primeiro trimestre de 2021.
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